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Camilo Castelo Branco - espírito.




Mas uma consequência da qual o suicida não pode escapar, é o desapontamento”. Questão 957 de O Livro dos Espíritos.


Muito tempo depois, mais de 20 anos decorridos, solicitado a dizer sobre o seu suicídio, eis o que o espírito de Camilo Castelo Branco, escritor português, relatou:

“Equivale a pedirem-me sinistra sinfonia para a ópera do Horrível.
Não sei dizer quanto é preciso; e tudo que disser não será, por assaz deficiente, a sombra de verdade necessária. Mas não recuso o meu contingente, nem quero perder a ocasião, que me oferecem, de mais uma vez bradar aos incautos que se defendam de cair no abismo em que me precipitei, em aziaga hora.
Supõe-se aí que o suicídio é a morte.
Alguns creem que na devolução das carnes verminadas à podridão, está a extinção da vida e do sofrimento.
Para esses é a libertação, a quebra da grilheta chumbada ao artelho de forçado do martírio; como para outros é só remédio pronto a embaraços inextricáveis de momento.
Há quem o creia cômodo fecho a uma vida de angústias; como há quem nele veja fácil alçapão por onde se pode fugir às chicotadas do Destino.
Para uns é cura radical de dores; para outros astuciosa maneira de fugir à sorte adversa.
Alguns o têm como remate forçado e benemérito de desilusões; outros o buscam como portaria franca para a região da Esperança.
Aos descrentes é finalização lógica para dificuldades e desgostos; aos infelizes recurso último do desespero acovardado.
Uns creem conquistar com ele a eterna paz do Nada: o sono tranquilo de que não se acorda mais; outros imaginam-no alavanca irresistível para forçar a porta do Esquecimento.
Querem uns, com ele, esmagar remorsos de justiceiro pungir; querem outros, com ele, escalar mais rapidamente o Céu.
E a todos enganam as tredas e alucinadoras miragens da Tentação.
Não é a morte; não há libertação; não constitui remédio.
Não extingue angústias, nem abre caminho à fuga redentora das açoitadas do destino vingador.
Não sara dores, nem acaudilha deserções.
Não põe fim às desilusões da alma, nem encaminha visionários às sonhadas bandas da Esperança.
Não dá, para os descrentes, razão à sua estultícia; nem aos infelizes consolação permeadora do seu desespero pusilânime.
Não conduz o mísero à suprema paz do Nada, nem o acalenta no eterno sono inacordável.
Não abre aos tristes a letárgica região do Olvido; não dá aos remorseadores  mordaça para calar a grita da consciência; nem ajuda aos crentes a tomar de assalto o Céu.
Para todos o suicídio é o desengano.
Simulando defender do infortúnio, impele violentamente ao salto-mortal para o Horror.
Não sei de nada que lhe seja comparável.
Nem a blasfêmia, que eu suponho a suprema ofensa à Razão; nem o fratricídio, que eu acredito a suprema ofensa à Humanidade; nem o matricídio, que eu presumo a suprema ofensa à Natureza.
O suicídio é a suprema ofensa a Deus.
Nele, as dores redobram de intensidade; a alma impregna-se de desesperos, que parecem infindáveis no tempo e na angústia.
Constitui a cristalização da Dor; a aflição da ansiedade que nada satisfaz; a dentada triturante e perene do Remorso.
Eu fui suicida. Querendo fugir à cegueira dos olhos, fui mergulhar-me na cegueira da alma.
Pensando furtar-me à negrura que cobria o meu viver, fui viver na treva onde os suicidas curtem raivas, sem remorso; e blasfemam quando suplicam.
Fui viver na pávida região onde os réprobos se mordem e agatanham; onde gargalham, de olhares em fogo e rangendo os dentes, os furiosos com juízo.
Aonde o suicídio arroja os seus mártires, num repelão brutal de louco, não penetra a Luz de Deus, nem a carícia da Esperança.
Lá, ruge-se, geme-se, chora-se, soluça-se, ulula-se, blasfema-se, pragueja-se e maldiz-se. Não existe paz; não se sabe, nem se pode orar.
É a caverna do Sofrimento, de que Dante só vislumbrou o portal.
Sei que rábicas convulsões lá me sacudiram; que lágrimas ferventes queimaram meus olhos cegos; mas não adrega dizê-las.
As dores descomunais não se descrevem. Sentem-se, no seu ecúleo titânico, mas não se definem. Entram pelo infinito; são o inenarrável; são o incompreensível.
Quando o suicida supõe trancar, com a morte, a porta da Agonia, abre o ciclo infernal do Desespero.
Matando-se, não aniquila a vida; destrói, só num ato de inepta rebeldia, o meio eficaz e providencial do seu progresso; e recua, voluntariamente, a hora desejada da sua felicidade.
A vida, além do suicídio, pertence à fase humana que os homens da Terra não conhecem, para que não têm ideias apropriadas, e a que a necessidade não criou ainda palavras representativas. De umas e outras, todas as que aí mais dolorida, mais trágica e mais sugestivamente pintem o aspecto do Horrível, não dão a impressão esfumada dos tormentos que o suicida entra a curtir, quando, por ingênua ou velhaca presunção, supõe conquistar, por uma violência da sua vontade, o termo do seu sofrer.
Isto é assim. É bom? É mau? É assim. É como é, e, como é, temos de aceitá-lo.
É possível que por aí haja quem fizesse coisa mais de perfeição; mas Deus esqueceu-se, lamentavelmente, de os consultar antes de completar a sua obra.
Foi uma falta grave; mas já vem tarde a grita indignada dos mestres desse mundo, para remediá-la.
Ponham de lado prosápias de emendar o que está feito.
Guardem as sabedorias, que podem melhor servir para adubar manhas e poucas-vergonhas nos conclaves palreiros da asnice em que aí pontificam.
Conjuro os que me lerem a que me creiam sem experimentar.
O desastre será irremediável, se não o fizerem.
Aceitem, aceitem o fato tal ele é.
Aceitem a vida como a puderem fazer. Corrijam-na, corrigindo-se. Amoldem-se às situações, ainda as mais desesperadoras.
A tudo mais Deus provê de remédio; mas Ele é que é o juiz da oportunidade de aplicá-lo.
Aceitem as dores, a cegueira, as deformações, as aberrações, o desespero, as perseguições, a desgraça, a fome, a desonra, a degradação, a ignomínia, a lama, tudo, tudo que de mau, de injusto, ou de rastejante em desprezo a Terra lhes possa dar, que são ainda coisas excelentes em desiludida comparação ao que de melhor possam chegar, pelo caminho do suicídio.”


Fonte: Livro O Martírio dos Suicidas - Almerindo Martins de Castro

Getúlio Vargas - espírito.


  
Getúlio Vargas - 14º e 17º Presidente do Brasil

O diálogo a seguir foi extraído do capítulo 19, intitulado: "Orientações", do livro Getúlio Vargas em dois mundos, médium Wanda A. Canutti, ditado pelo espírito Eça de Queirós. Nele encontramos informações sobre o ocorrido, após tenebroso quão surpreendente suicídio de tão importante e influente personagem da nossa história política. Na conversa que o espírito do ex-presidente do Brasil, Getúlio Vargas, trava com o seu orientador espiritual, Irmão José, fica bem claro que, se a vida é o maior bem que Deus nos concede, o suicídio é o maior crime que praticamos contra nós próprios.

[...]
Nada havia programado e nem marcado para aquele dia, entre o orientador e Getúlio, mas era sabido que, nas condições em que se encontrava, ele não ficaria só, ser-lhe-ia muito difícil. Com certeza procuraria Irmão José, em quem se apoiava, quando ele voltou da entrevista com Irmão Fabrício, já o encontrou à porta de seu gabinete, visivelmente preocupado, dizendo não ter conseguido dormir.
Irmão José convidou-o a entrar, indagando o motivo da sua aflição.
- Nada de novo, mas não desejava estar só! Não via a hora de vê-lo e ter alguma palavra de conforto, algum ensinamento!
- Estou às suas ordens! Você me disse que não conseguiu repousar muito bem, por quê?
- Tudo o que me ocorreu, vem como uma avalanche sobre mim, perturbando-me o coração, e fazendo-me sofrer muito.
- Qual o fato, qual a lembrança que o martiriza mais?
- São tantos, que ainda não consegui separar e especificar nenhum! É difícil, em meio a tanto sofrimento, separar-se o que dói mais, mas fico angustiado quando me lembro de tudo o que me fizeram, no meu último governo. Quantos problemas ficaram sem solução! Quantos ataques não me permitiam agir como pretendia! Quantas ameaças, quantas calúnias e quanta pressão para eu abandonar o governo!
- Se você tivesse suportado com resignação, com compreensão, apoiado em Deus e nos ensinamentos de Jesus, muito teria lucrado, muito o seu Espírito teria evoluído e ressarcido débitos antigos!
- Como débitos antigos?
- Ainda conversaremos detalhadamente sobre isso, mas o que sofremos em uma encarnação, quase sempre é reflexo do que já fizemos outros sofrerem em uma outra! Compreende-me?
- O irmão quer dizer que sofri, porque já fiz outros sofrerem, aquilo mesmo?
- Não significa que tenha feito a eles exatamente o que lhe fizeram! Mas você sabe que temos muitas vidas. Já vivemos muitas existências! O Espírito é eterno e assim vamos à Terra e retornamos ao Mundo Espiritual, muitas vezes. Você sabe disso! Já examinou os propósitos que foram feitos e levados para execução na Terra, e lembra-se ainda de ter partido para a sua última encarnação!
- Sim, mas não me lembro do que possa ter feito antes e nem de como tenha vivido em outras vidas!
- Isso também ser-lhe-á mostrado, no momento certo! Mas voltemos ao que conversávamos!
- O senhor dizia que nem sempre o que sofremos é exatamente o que fizemos outros sofrerem!
- Sim, compreendeu bem! O que ocorre em uma vida, nem sempre acontece do mesmo jeito em outra. A Terra progride, as condições de vida são outras, e não podemos repetir a mesma situação que tivemos  em outra oportunidade. Porém, o sofrimento fica marcado no Espírito, e, se não conseguiu perdoar, quando retorna e tem a oportunidade de conviver na mesma época com quem lhe fez sofrer, seja perto ou mais afastado, sem nem mesmo saber como, aquele ódio retorna e, dentro das condições que lhe são oferecidas, persegue a sua presa o mais que pode. Ao mundo parece uma injustiça, mas perante Deus é a Sua Justiça em ação!
- Quer dizer que tudo o que sofri era porque já havia feito sofrer?
- É isso mesmo! Às vezes não são os mesmos que atingimos, mas Deus permite que outros o façam, como forma de ressarcir os débitos e progredirmos mais! Mas isso também não livra aquele que nos faz sofrer, de suas responsabilidades, entendeu, irmão?
- Sim, e estou com medo, porque realizei também em desfavor de tantos, no cumprimento de minhas atribuições de governante. Muitas vezes agi, ou melhor, consenti que agissem sem piedade, para afastar perturbadores da paz, para retirar aqueles que pretendiam atrapalhar o bom andamento do governo.
- Todos os nossos atos têm que ser ressarcidos um dia, mas não significa que vamos encontrar, frente a frente, os que prejudicamos! Deus nos dá uma infinidade de oportunidades, para trabalharmos em favor de muitos, e desfazermos males antigos! Existem muitos meios para resgatarmos os débitos! Continue a falar dos seus receios e lembranças! O que mais o aflige ainda?
- Pelo que compreendi, através do que me explicou, a responsabilidade que assumimos, ao retirarmos, com nossas próprias mãos, a vida que Deus nos concedeu, é muito grande!
- Sim, é o maior crime que praticamos contra nós próprios! A vida é o maior bem que Deus nos concede, é a oportunidade de crescimento espiritual! Contudo, não o realizamos só para nós, mas para muitos que convivem conosco e, se a retiramos, poderemos retornar, um dia, em condições difíceis, querendo muito fazer, sem nada poder!
- Não me amedronte mais!
- Não o estou fazendo, apenas explicando! Há muitos meios de resgatar débitos, perante Deus! Ele tem diversos caminhos que são, às vezes, desconhecidos por nós, mas nos são mostrados no momento certo. O irmão deve lembrar-se de que já resgatou muito, por ter estagiado em regiões infelizes, como se lembra!
- Sim, tenho ainda em mim todo o sofrimento pelo qual passei, todos que me cercavam e gritavam: suicida, suicida, suicida!... Eu não compreendia naquela ocasião, mas, aos poucos, aquele tempo está retornando todo! Ficamos numa região escura, onde apenas sombras negras transitavam, choravam e gritavam muito! Foi muito triste, irmão! Só não tenho a noção do quanto lá permaneci!
- E como saiu desse lugar, não se lembra?
- Apenas lembro-me de ter tomado consciência de mim, quando me vi aqui, sendo ajudado!
- Muitas coisas devem ter acontecido até que aqui retornasse!
- Eu não me lembro! Às vezes ouvíamos, nesse lugar, um sino batendo, e irmãos que nos diziam palavras confortadoras. Era como se fosse uma pequena delegação que nos levava um pouco de alento. Convidavam-nos a ouvir, e pediam a Deus que nos amparasse! Mas nem todos davam ouvidos ao que diziam, tão mergulhados nos seus próprios sofrimentos se encontravam! Quem sabe foram eles mesmos que me trouxeram aqui! O senhor deve saber!
- Sim, eu sei, mas pretendo que o irmão mesmo se recorde! Foram eles que o recolheram nessas expedições e o trouxeram! Lembra-se do que lhe foi falado, que amigos desta Colônia o acompanhariam na sua encarnação na Terra, para ajudá-lo?
- Lembro-me, mas eu nunca, talvez, tenha percebido!
- Mas eles lá estavam! Muito sofriam quando você não realizava o que devia, afastando-se dos objetivos que planificou! Pois então, amigo, nesta Colônia estávamos sempre informados de tudo, inclusive do seu ato final, do qual procuraram demovê-lo, mas o irmão não conseguiu perceber!
- Por que eles, então, não me recolheram e me trouxeram para cá, no momento em que deixei o meu corpo?
- Exatamente pelos débitos adquiridos no uso de seu livre-arbítrio, e na execução do ato final que encerrou lá a sua vida! Compreendeu-me?
- É muito difícil!
- É a execução da Justiça Divina, irmão! Deus não pune ninguém, somos nós próprios que nos punimos, pelos nossos atos e pela nossa vontade! Deus é bom e nos proporciona sempre o ressarcimento dos débitos, em novas oportunidades! Se não as aproveitamos, vamos acumulando mais débitos para nós!




A Autocondenação do Magistrado – Livro O Martírio dos Suicidas.



E lhe perguntou: ‘Amigo, como foi que você entrou aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu. Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrem os pés e as mãos desse homem, e o joguem fora na escuridão. Aí haverá choro e ranger de dentes’.” Parábola da Festa de Núpcias (Mateus: 22,12-13)



Nada poderá suceder de mais funesto ao homem do que o suicídio.
Dessa desgraça inominável já houve verdadeiras epidemias nos tempos ominosos do materialismo romano.
Nas modernas sociedades, múltiplos são os seus fatores. Sob diversos aspectos e formas, o suicídio contribui com enorme porcentagem para o obituário em geral, ora determinado pelas obsessões dolorosas, ora pelas dificuldades e desalentos da vida terrena.
O suicídio supõe sempre a ilusão, de que se acha o candidato possuído, de se libertar da insuportável carga de dores e tristezas que o acabrunham e lhe envenenam a vida.
Todavia, que funesta ilusão!
Fala-vos quem, sob as torturas de uma dolorosíssima opressão moral, também cedeu à atração do abismo e supôs libertar-se da conta que, de muito, lhe estava assinada, interrompendo o curso da existência.
Enganei-me, meus caros irmãos.
Longe de extinguir o sofrimento, este recrudesceu e se tornou mais íntimo e profundo aqui no Espaço, onde não há noite, nem sono, e parece eterna a provação da alma.
Cedi à vaidade mundana de honra e do prestígio.
E, no entanto, vejo agora, no meu mal sem remédio, que bem melhor fora abstrair dessas futilidades para cuidar do que é eterno e imorredouro: a existência do ser e seu progresso através das etapas do Universo.
Contam-se por milhões os desgraçados que, como eu, se debatem na treva depois de terem sido pasto da ignorância e do orgulho.
Se eu tivesse podido saber que todos os ouropéis da vida terrena não valem uma só das verdades que aqui constatais diariamente, teria certamente evitado, por um ato de coragem e resignação, esta horrível geena em que agora me debato.
O suicídio é a maior desgraça que pode suceder ao Espírito.
Ato de rebeldia insensata contra os desígnios da Providência, encarna o desespero do réu que se quer libertar, por fraqueza, do compromisso anterior que assumiu por seus erros.
É uma afronta à Divindade, inútil e covarde.
Inútil, porque jamais poderá o ser aniquilar-se, visto que ele é eterno qual o próprio Pai e Senhor de quem emana.
Vede agora a triste situação em que se encontra o suicida ao desprender-se do corpo; mais vivo do que nunca, sobrevém ao pungente padecer a surpresa alucinante de se ver indestrutível, incapaz de modificar de um só detalhe o destino que lhe foi traçado.
Sofre no Espaço as consequências do seu orgulho, com a obrigação de voltar à matéria para terminar a missão que tão loucamente interrompera!
Sede fortes, vós que me ledes, quando vos assaltar o sofrimento.
Afugentai, com todas as forças da vossa alma, a negra visão do suicídio, porque, desventurados, se nele cairdes, se cederdes às suas tenebrosas sugestões, então se abrirá para vós o verdadeiro inferno, aquele em que, sem metáfora, mas real e dolorosamente, há choro e ranger de dentes.
No suicídio se nivelam todas as dores, porque ele determina o maior e mais desesperado de todos os sofrimentos.
A dor, a negra, a profunda dor, dentro da tremenda impressão de que não haverá misericórdia, nem remissão para o réprobo, o covarde, o trânsfuga, que jogou à face da Justiça do Divino Pai o saldo da sua conta.
Pensai nisto e jamais admiti, nas vossas amarguras, a ideia desse terrível tentador – o suicídio.


OBS: O relato acima é do Espírito, que quando encarnado fora magistrado, Dr. Raul Martins, e que desertou da vida em 21 de novembro de 1920. Se quiser, acesse notícia de periódico da época: [clique aqui].



Mulher Portuguesa - Livro O Martírio dos Suicidas.


“Não resistais ao maligno; mas a qualquer que te bater na face direita oferece-lhe também a outra; e ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas... Portanto sede vós perfeitos como perfeito é vosso Pai Celeste.” Jesus (Mateus, 5. 39-41 e 48)



Um dia, em seleta reunião de psiquistas, apareceu um Espírito, que, comunicando-se pelo médium, revelava a mais extraordinária dor. Gritava aflitivamente, como se estivesse sendo martirizado. A custo foi acalmado um pouco; e a custo, entrecortadamente por gemidos e gritos, contou a causa do seu sofrer.
Disse o nome. Mulher. Fora quitandeira em uma das ruas de Alcântara, Lisboa. Casada. Tivera filhos. O marido era mau, mandrião, jogador e ébrio. Não trabalhava e obrigava-a a sustentá-lo e a prover às necessidades da família com os mesquinhos ganhos da sua pouco rendosa indústria. Para tê-la sob o seu jugo explorador, dava-lhe maus-tratos. Insultava-a, agredia-a. Quando isso não bastava, agredia os filhos, para fazê-la sofrer.
Arrastou assim uma vida de angústias durante anos. Cansou. A paciência esgotou-se-lhe. Começou a pensar em fugir ao martírio, suicidando-se. Acreditava que um instante de resolução, uma dor rápida, poria termo àquele longo arrastar de dores, àquele infernal suplício de todas as horas. Pensava porém nos filhos... Que seria deles? Eram os filhos o laço que a aguentava presa ao potro do sofrimento.
Surgiu a ocasião em que o laço quebrou. Não pôde mais. A fome e as dívidas vinham minando o lar. As facilidades, para que o seu carrasco pudesse levar vida sem trabalhar, diminuíam, e os maus-tratos aumentavam em proporção oposta à dessa diminuição. Os filhos estavam doentes e ela alquebrada, sem forças para trabalhar. Para tratar dos filhos, não podia agenciar a vida; para agenciar a vida, ficariam as criancinhas ao desamparo, em casa. Não podia mais. Decididamente, era melhor morrer.
Em seguida a uma das habituais altercações, acompanhada do espancamento martirizante, a pobre, louca de desespero, correu à linha de trem de Cascais, quando passava, veloz, junto ao cais d’Alcântara, e precipitou-se debaixo dele.
Ia acabar tudo, pensava.
Nesse instante supremo, lembrou-se dos filhos, mas já não podia recuar: o corpo, cedendo ao impulso, tombara sobre os “rails”. No mesmo instante, sentiu as rodas passarem sobre o corpo; ouviu ranger os ossos na trituração; suas carnes, dilaceradas, sacudiam-se, palpitantes; fragmentos dos membros rolaram com o impulso do choque que os decepara, e, coisa horrível, sentia que não morria. Via-se desfeita, esmagada, informe; ouvia o crepitar dos ossos; parecia que uma dor a torturava, composta de muitas dores desiguais, localizada cada uma em um dos membros espalhados no solo, jorrando sangue e palpitando em contrações...
Viu acudir gente, gritando. Notou que examinavam, compungidos, os seus restos. Viu chegarem as autoridades e, em seguida, um homem ajuntar todos os pedaços do seu corpo espostejado, e metê-los em um caixote de madeira.
Queria afastar-se do sítio, mas não podia. Gritava, mas ninguém lhe dava atenção. Agarrou-se a um polícia, pedindo-lhe que a levasse para casa, mas o polícia não a atendeu. Parecia até que não a sentia, nem ouvia. Não fez dela o mais ligeiro caso. Deixou-o e agarrou-se a outras pessoas. Sucedeu o mesmo. Ninguém lhe respondia; ninguém se importava com ela.
Entretanto, ouvia sempre o rodar do trem, sentia-o passar, esmagando, cortando e arrastando-lhe o corpo e ouvia o ruído do esmagar dos ossos. Era horrível!
As autoridades afastaram-se. Dois homens levaram-lhe o corpo esmigalhado em fragmentos.
Não compreendia como se via morta e em pedaços, ao mesmo tempo que lhe parecia estar viva e a sentir dores, muitas dores em todo o corpo.
Imaginou que dormisse e fosse vítima de um pesadelo. Mas, rapidamente, via toda a sua vida, até ao momento de arrojar-se para debaixo do trem, em procura do descanso da morte. Lembrava-se dos filhos. E, coisa espantosa! Parecia-lhe que só podia vê-los, e ao trem, ao seu corpo despedaçado, ao caixote com o seu cadáver em bocados, escorrendo sangue, que ia estendendo dois fios vermelhos pela rua fora... Não via mais nada.
A princípio, ainda ouvia os comentários das pessoas que tinham presenciado a cena do suicídio e as conjeturas que faziam sobre quem ela seria. No meio dos seus gritos, dizia-lhes quem era e onde morava; mas ninguém a atendia, todos a desprezavam. Nem a olhavam...
Pouco a pouco, foi deixando de ver e ouvir essa gente. Só lhe ficou o rodar do trem e os estalidos dos ossos.
Algum tempo depois, começou a notar ao redor pessoas que não conhecia, horrendamente feias, que riam dela, a empurravam, e lhe diziam graças e sarcasmos por ter querido fugir às dores da vida, matando-se.
Pareciam-lhe demônios, e apavorou-se, com o medo de que a viessem buscar para o inferno. Suplicou-lhes que a deixassem... Redobravam de risadas e de empurrões. O riso era de endoidecer... E não deixava de sentir a trituração do seu corpo, de ouvir o rodar do trem, a fratura dos ossos, o esmagar da carne!...
Não parava mais. Aqueles demônios, que tinham tomado conta dela, nunca mais a deixaram. Iam uns e vinham outros... Riam às gargalhadas, gemiam, berravam. Diziam-lhe que eram seus eternos companheiros e, iguais a ela, perdidos, porque também, se tinham matado por suas próprias mãos...
Sofriam tal qual ela, mas cada um de seu feitio. Havia momentos em que pareciam todos doidos furiosos. Cada um berrava à sua maneira. Ouvia-os, sentia-os, mas não os via. Só uma vez lhe parecera tê-los visto. Eram todos de negro, e faziam caretas de sofrimento. Parecia-lhe que alguns deles estavam esmagados, como vira o seu corpo; outros com a cara inchada; outros com fios de sangue a escorrer dos ouvidos!...
Era coisa do inferno e não quisera ver mais... Mas, quer fechasse os olhos, que não, via-os do mesmo modo. Para ela, era tudo noite escura; mas noite escura através da qual via os filhos, como os deixara, doentes e famintos; o trem a correr por cima dela, o seu corpo a partir-se pelo cortar das rodas... E o trem a passar sempre por cima das suas carnes... Não acabava nunca; não cessava mais o ruído, nem deixava de sentir dores, nem de ouvir o rijjjjj-rijjjjj dos ossos e da carne sendo esmagados.
Às vezes, sentia-se arrastada pelos companheiros, como se fosse arrebatada por um furacão, e assim ia ver os filhos a sofrerem, o marido mergulhado numa vida de abjeção...
E lá seguia depois, no redemoinho, crendo-se perdida para sempre.
A pobre contara estas coisas a pedaços, sufocada em gemidos, e revelando-as com exclamações de dor.
Mostrava-se desconfiada e receosa. Quando o dirigente da reunião procurava confortá-la, encaminhando-a para a resignação e para o arrependimento, chorava mais aflitivamente, e exclamava que não sabia resignar-se, nem arrepender-se.
Pedia que a deixassem ficar onde estava, isto é, no corpo do médium. Dizia que, ao menos, ali não sofria tantas dores, não aturava os demônios, nem se sentia com o corpo em bocados.
Quando não houve meio de prolongar mais a situação, que estava sendo pesada e penosíssima para todos, a pobre retirou-se, não sem ter deixado, numa exclamação final, reveladora de tanto penar, de tanta tristeza, a mais dolorosa impressão que a comunicação com Espíritos pode dar, em tais circunstâncias.
A exclamação foi:
- E é isto a morte, meu Deus!
Sim! Era aquilo a morte, em que ela havia procurado descanso!  Aquele inferno inconcebível!”

Obs:
A frase desta sofrida criatura: “exclamava que não sabia resignar-se, nem arrepender-se” dá uma pista sobre o poder que as nossas razões internas têm sobre o tamanho de nossos problemas.  A incapacidade de aceitar e compreender a realidade é em boa parte o que alimenta o desespero. Muitas vezes os problemas são grandes, mas ficam imensos se formos incapazes visualizá-los sob um prisma mais ampliado, que só o conhecimento da realidade espiritual e suas leis eternas podem nos dar.
E mais uma vez Jesus é a solução: “se alguém te bater na face direita oferece-lhe também a outra”, ou seja, se a dor é o único prêmio que o mal alheio te oferece, responda com resignação, perdão e fé em Deus. E mais adiante, nesta mesma passagem, Ele diz: “Portanto, sede perfeitos como perfeito é o Vosso Pai que estás no céu.”  
É preciso considerar também que sempre há outras soluções para tudo de ruim que acontece conosco que não a equivocada opção do suicídio. Resignar-se significa de fato aceitar e compreender o mal que nos ocorre na mesma medida que aceito e compreendo o meu direito de me contrapor a ele pela busca permanente da solução correta e viável dentro de uma visão ético-espiritual. Alguns males perduram apenas por desconhecimento de sua solução adequada por parte de quem sofre e que, claro, Deus possui.
A submissão a Deus é o contrário da revolta. Ela nos aproxima Dele e, claro, nos faz aceitá-lo, o que acaba sendo o primeiro passo para aceitar a realidade mesmo ruim que nos cerca, pois que tudo que existe está sob a vigilância e a permissão sábia Dele. É preciso lembrar mais uma vez que algumas situações são momentaneamente inalteráveis no âmbito externo, mas a forma de a encararmos, ou seja, o sentimento interno que utilizo para lidar com ela é escolha minha. 
Assim, é preciso abrirmos as comportas que represam a luz que vem do Alto e de Deus para que ela invada o nosso interior para diluir o lago amorfo de nossas mágoas e ódios internos. Do mesmo jeito que viver ou morrer, pertence a nós a escolha de abrir, ou não, as comportas internas para que a “água viva” de Jesus penetre o nosso eu interno e venha transformar as águas escuras de nosso interior, apontando novos caminhos e trazendo surpreendentes soluções até então desconhecidas. Esse é o maior socorro, senão o único, que podemos dispor nas horas de desespero.





Espírito de Jovem Católica - Livro o Martírio dos Suicidas.


Com grande tristeza, comovente e resignada, veio a um idôneo cenáculo espírita o depoimento de uma jovem, que fora na Terra boníssima criatura, filha dedicada, extremamente religiosa, católica praticante, pertencente ao grêmio das Filhas de Maria da igreja que frequentava.
Trabalhando num emprego relativamente bem remunerado, consagrava-se a cuidar de sua velha mãe, da qual se tornara arrimo, pois não tinham outros parentes, vivos. Mas, porque fosse de ótimos sentimentos e irrepreensível proceder, a jovem era alvo de muitos elogios pelo beatério da sacristia, e isso bastante a impressionava agradavelmente, gerando-lhe quiçá um fundo de desculpável vaidade.
Certa vez, ao passar por um grupo de beatas, ouviu dizer:
- Esta menina, se morresse hoje, ia direitinho para o Céu!
E percebeu que a frase era apoiada e repetida por todas, que se voltaram para olhá-la.
Tais palavras penetraram no mais recôndito do seu espírito e foram aprofundando a sua influência, criando na sua imaginação de crente acostumada às promessas de bem-aventuranças e perdões a granel um quadro mirífico de venturas celestiais.
- Ir para o Céu! – foi a moça repetindo, caminho de casa, deslumbrada com a visão que a sua fantasia forjou no pensamento.
E, cada vez mais empolgada pela ideia de ir para junto da Virgem Maria, chegou ao lar, foi para um aposento, e suicidou-se.
Narra o Espírito da jovem:
“Minha desventura, agora, não é feita de dores (que o meu corpo não teve), nem de remorsos, porque jamais pratiquei mal contra o próximo; mas da contemplação dos sofrimentos de minha infeliz mãe.
Fugindo da vida, eu lhe causei a maior dor de toda a sua existência, e por mim ela chorou todas as lágrimas dos seus olhos. Cada soluço, cada lamento dos seus lábios feriam-me a alma, qual se fossem punhais de fogo. Depois, quando pude ver, aos meus olhares surgiram os quadros da miséria, da fome e do frio que minha pobre mãezinha tem curtido – depois que lhe faltou o sustento que eu lhe proporcionava com fruto do meu trabalho.
Rolando, em casa de estranhos, por esmola, comendo do que sobra, mesmo contra o seu paladar; vestindo restos de roupas, às vezes insuficientes para atenuar o frio; olhada com indiferença por todos, ninguém lhe faz um carinho, nem lhe diz palavras de consolo; ninguém lhe zela pela saúde, e muitas vezes ela se tem sentido morrer, sem o socorro de qualquer medicação.
Tal é a minha tortura de todos os instantes: o quadro dos sofrimentos de minha mãe não se afasta de diante de mim. Dir-se-ia que em todo horizonte da minha visão não existe outra perspectiva. O meu suplício espiritual lembra a da gota de água, caindo sobre a cabeça do condenado – até perfurá-la – à força de bater ininterruptamente. 
Coisa terrível o suicídio! Horrível mentira, a promessa do Céu aos pobres pecadores, indignos até do olhar de Jesus!”




Do Livro O Céu e o Inferno




O CÉU E O INFERNO
OU
A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO
AUTOR: ALLAN KARDEC.
LANÇADO EM 1865.

Breve relato da obra: Trata-se, como o próprio título diz, da visão espírita das recompensas e penas futuras, comumente conhecidas como céu e inferno na tradição católica. Contém impressionantes relatos de espíritos das mais diversas categorias.

Segunda Parte – cap. V
SUICIDAS
O SUICIDA DA SAMARITANA

A 7 de abril de 1858, pelas 7 horas da noite, um homem de cerca de 50 anos e decentemente trajado apresentou-se no estabelecimento da Samaritana, de Paris, e mandou que lhe preparassem um banho. Decorridas perto de 2 horas, o criado de serviço, admirado pelo silêncio do freguês, resolveu entrar no seu cômodo, a fim de verificar o que ocorria.
Deparou então com um quadro horroroso: o infeliz degolara-se com uma navalha e todo o seu sangue misturava-se à água da banheira. E como a identidade do suicida não pôde ser averiguada, foi o cadáver removido para o necrotério.
1. Evocação (Resposta do Guia do médium) – Esperai, ele aí está.
2. Onde vos achais hoje?
R. Não sei... dizei-mo.
3. Estais numa reunião de pessoas que estudam o Espiritismo e que são benévolas para convosco.
R. Dizei-me se vivo, pois este ambiente me sufoca.
Sua alma, posto que separada do corpo, está ainda completamente imersa no que poderia chamar-se o turbilhão da matéria corporal; vivazes lhe são as ideias terrenas, a ponto de se acreditar encarnado.
4. Quem vos impeliu a vir aqui?
R. Sinto-me aliviado.
5. Qual motivo que vos arrastou ao suicídio?
R. Morto? Eu? Não... que habito o meu corpo... Não sabeis como sofro!... Sufoco-me... Oxalá que mão compassiva me aniquilasse de vez!
6. Por que não deixaste indícios que pudessem tornar-vos reconhecível?
R. Estou abandonado; fugi ao sofrimento para entregar-me à tortura.
7. Tendes ainda os mesmos motivos para ficar incógnito?
R. Sim; não revolvais com ferro candente a ferida que sangra.
8. Podereis dar-nos o vosso nome, idade, profissão e domicílio?
R. Não, de forma alguma.
9. Tínheis família, mulher, filhos?
R. Era um desprezado, ninguém me amava.
10. Que fizestes para ser assim repudiado?
R. Quantos o são como eu!... Um homem quando ninguém o preza, pode viver abandonado no seio da família.
11. No momento de vos suicidares não experimentastes qualquer hesitação?
R. Ansiava pela morte... Esperava repousar.
12. Como é que a ideia do futuro não vos fez renunciar a um projeto?
R. Não acreditava nele, em absoluto. Era um desiludido. O futuro é a esperança.
13. Que reflexões vos ocorreram ao sentirdes a extinção da vida?
R. Não refleti, senti... Mas a vida não se extinguiu... Minha alma está ligada ao corpo... Sinto os vermes a corroer-me.
14. Que sensação experimentastes no momento decisivo da morte?
R. Pois ela se completou?
15. Foi doloroso o momento em que a vida se vos apagou?
R. Menos doloroso que depois, só o corpo sofreu.
16. (Ao Espírito de S. Luís) – Que quer dizer o Espírito afirmando que o momento da morte foi menos doloroso que depois?
R. O Espírito descarregou o fardo que o oprimia, ressentia-se da voluptuosidade da dor.
17. Esse estado sobrevém sempre ao suicídio? 
R. Sim. O Espírito do suicida fica ligado ao corpo até o termo da vida. A morte natural é o livramento da vida; o suicida a intercepta completamente.
18. Dar-se-á o mesmo nas mortes acidentais, embora involuntárias, mas que abreviam a existência?
R. Não. Que entendeis por suicídio? O Espírito só responde pelos seus atos.


Explicação de A. Kardec: Esta dúvida da morte é muito comum nas pessoas recentemente desencarnadas e sobretudo naquelas que, durante a vida, não elevam a alma acima da matéria. É um fenômeno que parece singular à primeira vista, mas que se explica naturalmente.
Se a um indivíduo, pela primeira vez posto em estado sonambúlico, perguntarmos se dorme, ele responderá quase sempre que não e essa resposta é lógica: o interlocutor parece que faz mal a pergunta, servindo-se de um termo impróprio. Na linguagem comum, a ideia do sono prendeu-se à suspensão de todas as faculdades sensitivas; ora, o sonâmbulo que pensa, que vê e sente, que tem consciência da sua liberdade, não se crê adormecido e de fato não dorme, na acepção vulgar do vocábulo. Eis a razão por que responde não, até que se familiarize com essa maneira de apreender o fato.
O mesmo acontece com o homem que acaba de desencarnar; para ele a morte era o aniquilamento do ser, e, tal como o sonâmbulo, ele vê, sente e fala, e assim não se considera morto e isto afirma até que adquira a intuição de seu novo estado. Essa ilusão é sempre mais ou menos dolorosa, uma vez que nunca é completa e dá ao Espírito uma tal ou qual ansiedade. No exemplo em apreço ela constitui verdadeiro suplício pela sensação dos vermes que corroem o corpo, sem falarmos a sua duração, que deverá equivaler ao tempo de vida abreviada. Esse estado é comum nos suicidas, ainda que nem sempre se apresente em idênticas condições, variando de duração e intensidade, conforme as circunstâncias atenuantes ou agravantes da falta.
A sensação dos vermes e da decomposição do corpo não é tampouco privativa dos suicidas: sobrevém igualmente aos que viveram mais da matéria que do espírito. Em tese, não há falta isenta de penalidade, mas também não há regra absoluta e uniforme nos meios de punição.