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Getúlio Vargas - 14º e 17º Presidente do Brasil |
O diálogo a
seguir foi extraído do capítulo 19, intitulado: "Orientações", do livro
Getúlio Vargas em dois mundos, médium Wanda A. Canutti, ditado pelo espírito
Eça de Queirós. Nele encontramos informações sobre o ocorrido, após tenebroso
quão surpreendente suicídio de tão importante e influente personagem da nossa história política. Na conversa que o espírito do ex-presidente do
Brasil, Getúlio Vargas, trava com o seu orientador espiritual, Irmão José, fica
bem claro que, se a vida é o maior bem
que Deus nos concede, o suicídio é o
maior crime que praticamos contra nós próprios.
[...]
Nada havia
programado e nem marcado para aquele dia, entre o orientador e Getúlio, mas era
sabido que, nas condições em que se encontrava, ele não ficaria só, ser-lhe-ia
muito difícil. Com certeza procuraria Irmão José, em quem se apoiava, quando
ele voltou da entrevista com Irmão Fabrício, já o encontrou à porta de seu
gabinete, visivelmente preocupado, dizendo não ter conseguido dormir.
Irmão José
convidou-o a entrar, indagando o motivo da sua aflição.
- Nada de
novo, mas não desejava estar só! Não via a hora de vê-lo e ter alguma palavra
de conforto, algum ensinamento!
- Estou às
suas ordens! Você me disse que não conseguiu repousar muito bem, por quê?
- Tudo o que
me ocorreu, vem como uma avalanche sobre mim, perturbando-me o coração, e
fazendo-me sofrer muito.
- Qual o
fato, qual a lembrança que o martiriza mais?
- São tantos,
que ainda não consegui separar e especificar nenhum! É difícil, em meio a tanto
sofrimento, separar-se o que dói mais, mas fico angustiado quando me lembro de
tudo o que me fizeram, no meu último governo. Quantos problemas ficaram sem
solução! Quantos ataques não me permitiam agir como pretendia! Quantas ameaças,
quantas calúnias e quanta pressão para eu abandonar o governo!
- Se você
tivesse suportado com resignação, com compreensão, apoiado em Deus e nos
ensinamentos de Jesus, muito teria lucrado, muito o seu Espírito teria evoluído
e ressarcido débitos antigos!
- Como
débitos antigos?
- Ainda
conversaremos detalhadamente sobre isso, mas o que sofremos em uma encarnação,
quase sempre é reflexo do que já fizemos outros sofrerem em uma outra!
Compreende-me?
- O irmão
quer dizer que sofri, porque já fiz outros sofrerem, aquilo mesmo?
- Não
significa que tenha feito a eles exatamente o que lhe fizeram! Mas você sabe
que temos muitas vidas. Já vivemos muitas existências! O Espírito é eterno e
assim vamos à Terra e retornamos ao Mundo Espiritual, muitas vezes. Você sabe
disso! Já examinou os propósitos que foram feitos e levados para execução na
Terra, e lembra-se ainda de ter partido para a sua última encarnação!
- Sim, mas
não me lembro do que possa ter feito antes e nem de como tenha vivido em outras
vidas!
- Isso também
ser-lhe-á mostrado, no momento certo! Mas voltemos ao que conversávamos!
- O senhor
dizia que nem sempre o que sofremos é exatamente o que fizemos outros sofrerem!
- Sim,
compreendeu bem! O que ocorre em uma vida, nem sempre acontece do mesmo jeito
em outra. A Terra progride, as condições de vida são outras, e não podemos
repetir a mesma situação que tivemos em
outra oportunidade. Porém, o sofrimento fica marcado no Espírito, e, se não
conseguiu perdoar, quando retorna e tem a oportunidade de conviver na mesma
época com quem lhe fez sofrer, seja perto ou mais afastado, sem nem mesmo saber
como, aquele ódio retorna e, dentro das condições que lhe são oferecidas,
persegue a sua presa o mais que pode. Ao mundo parece uma injustiça, mas
perante Deus é a Sua Justiça em ação!
- Quer dizer
que tudo o que sofri era porque já havia feito sofrer?
- É isso
mesmo! Às vezes não são os mesmos que atingimos, mas Deus permite que outros o
façam, como forma de ressarcir os débitos e progredirmos mais! Mas isso também
não livra aquele que nos faz sofrer, de suas responsabilidades, entendeu,
irmão?
- Sim, e
estou com medo, porque realizei também em desfavor de tantos, no cumprimento de
minhas atribuições de governante. Muitas vezes agi, ou melhor, consenti que
agissem sem piedade, para afastar perturbadores da paz, para retirar aqueles
que pretendiam atrapalhar o bom andamento do governo.
- Todos os
nossos atos têm que ser ressarcidos um dia, mas não significa que vamos
encontrar, frente a frente, os que prejudicamos! Deus nos dá uma infinidade de
oportunidades, para trabalharmos em favor de muitos, e desfazermos males
antigos! Existem muitos meios para resgatarmos os débitos! Continue a falar dos
seus receios e lembranças! O que mais o aflige ainda?
- Pelo que
compreendi, através do que me explicou, a responsabilidade que assumimos, ao
retirarmos, com nossas próprias mãos, a vida que Deus nos concedeu, é muito
grande!
- Sim, é o
maior crime que praticamos contra nós próprios! A vida é o maior bem que Deus
nos concede, é a oportunidade de crescimento espiritual! Contudo, não o
realizamos só para nós, mas para muitos que convivem conosco e, se a retiramos,
poderemos retornar, um dia, em condições difíceis, querendo muito fazer, sem
nada poder!
- Não me
amedronte mais!
- Não o estou
fazendo, apenas explicando! Há muitos meios de resgatar débitos, perante Deus!
Ele tem diversos caminhos que são, às vezes, desconhecidos por nós, mas nos são
mostrados no momento certo. O irmão deve lembrar-se de que já resgatou muito,
por ter estagiado em regiões infelizes, como se lembra!
- Sim, tenho
ainda em mim todo o sofrimento pelo qual passei, todos que me cercavam e
gritavam: suicida, suicida, suicida!... Eu não compreendia naquela ocasião,
mas, aos poucos, aquele tempo está retornando todo! Ficamos numa região escura,
onde apenas sombras negras transitavam, choravam e gritavam muito! Foi muito
triste, irmão! Só não tenho a noção do quanto lá permaneci!
- E como saiu
desse lugar, não se lembra?
- Apenas
lembro-me de ter tomado consciência de mim, quando me vi aqui, sendo ajudado!
- Muitas
coisas devem ter acontecido até que aqui retornasse!
- Eu não me
lembro! Às vezes ouvíamos, nesse lugar, um sino batendo, e irmãos que nos
diziam palavras confortadoras. Era como se fosse uma pequena delegação que nos
levava um pouco de alento. Convidavam-nos a ouvir, e pediam a Deus que nos
amparasse! Mas nem todos davam ouvidos ao que diziam, tão mergulhados nos seus
próprios sofrimentos se encontravam! Quem sabe foram eles mesmos que me
trouxeram aqui! O senhor deve saber!
- Sim, eu
sei, mas pretendo que o irmão mesmo se recorde! Foram eles que o recolheram
nessas expedições e o trouxeram! Lembra-se do que lhe foi falado, que amigos
desta Colônia o acompanhariam na sua encarnação na Terra, para ajudá-lo?
- Lembro-me,
mas eu nunca, talvez, tenha percebido!
- Mas eles lá
estavam! Muito sofriam quando você não realizava o que devia, afastando-se dos
objetivos que planificou! Pois então, amigo, nesta Colônia estávamos sempre
informados de tudo, inclusive do seu ato final, do qual procuraram demovê-lo, mas
o irmão não conseguiu perceber!
- Por que
eles, então, não me recolheram e me trouxeram para cá, no momento em que deixei
o meu corpo?
- Exatamente
pelos débitos adquiridos no uso de seu livre-arbítrio, e na execução do ato
final que encerrou lá a sua vida! Compreendeu-me?
- É muito
difícil!
- É a
execução da Justiça Divina, irmão! Deus não pune ninguém, somos nós próprios
que nos punimos, pelos nossos atos e pela nossa vontade! Deus é bom e nos
proporciona sempre o ressarcimento dos débitos, em novas oportunidades! Se não
as aproveitamos, vamos acumulando mais débitos para nós!