“Tragou-me a voragem do Desconhecido...
Isolei-me demasiadamente da vida, e ao meu
recolhimento profundo, fatal, só a Dor me acompanhou.
Eu não soube integrar-me nela. E, tomando vulto os
espectros interiores dos meus próprios pesadelos, das minhas íntimas dúvidas,
para escapar-me aos seus tentáculos atrozes, sonhei e arquitetei a volúpia do
aniquilamento.
A vida impõe o intercâmbio das emoções: o interior
e exterior devem casar-se, sem que os vultos funestos do desânimo e da morte se
apossem da nossa individualidade.
É na integração do homem na vida que reside a
Felicidade.
Quem se isola do mundo, e procura só no interior
desempenhar a vida, sofre a asfixia dos seus sonhos e das suas esperanças.
A morte tem, para os desiludidos, a aparência
fulgurante de uma Canaã.
O último sonho dos derrotados é a Morte...
Mas, ó almas desiludidas, volvei para outros
horizontes o olhar de vossas esperanças!
Não há morte! Ninguém pode eliminar de si próprio
a vida, que é imortal!
Romper o equilíbrio orgânico da matéria é somente
provocar um estado de vida em que os erros são mais nítidos ao Espírito, e as
dores doem muito mais!
Não vos seduza, desiludidos, a miragem da morte!
Ela não é a Canaã dos vossos sonhos; não é a
tranquilidade que ambicionais; não é o aniquilamento que vos seduz, como me
seduziu a mim...
É, apenas, a porta tumular que conduz à
consciência da nossa própria dor!
Se quereis remédio para a vossa desilusão, para a
vossa mágoa, para a vossa dor – amai-as.
O único meio de vencer os espectros do
aniquilamento, os vultos fatais da Sombra – é aceita-los e amá-los.
São estágios precisos à evolução de nossa vida!
Não há morte! O suicídio agrava e acentua a vida!”
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